Desses coquero de lá

Desses coquero de lá

(Florisa Brito)

I

Do lugá daonde eu vim,

Lembro dimais duns coquero:

Os jiribá no camim;

Nos brejo, os buritizero;

II

Os bacuri na baxada,

Um aqui, ôto aculá;

E as macaúba ispaiada;

É os que eu posso contá.

III

Dipois, tinh’ôtos coquero,

Num sei se andaro prantano;

Mais, é daqueles primero

Que eu passo a vida lembrano.

IV

Os jiribá... Que fartura,

Quando um cacho madurava!

Caíno lá das artura,

Os coquim isparramava...

V

Os minino isfomiado,

Da iscola já vortano,

Juntava imbaxo, animado,

Alegre, ali, merendano.

VI

Quais ninguém num pircibia,

Mais eu prestava atenção:

Os cacho que fluricia,

Bunito, forrava o chão.

VII

Essas florzinha de nada,

Feito chuvisco caíno,

Ficava que nem giada

Nas cabeça dos minino.

VIII

Dos bacuri, num cumia;

Num era custume lá;

As vaca era que ruía;

Dipois pudia quebrá,

IX

Mais, a castanha incravada,

Além d’ela sê piquena,

Era dura e ressecada;

Nem num pagava a pena.

X

Só-que-tem que as foia, sim,

Tinha munta sirvintia:

Usava pra todo fim;

E munta casa cubria.

XI

Os buriti, tão vistoso!

Cada cacho, que só veno!

Chegá é que era custoso,

Os atolero venceno.

XII

Num custumava cumê;

Num atinaro, capaiz...

Os talo era pra fazê

Rôia... ôtas coisa mais.

XIII

Dos broto, a imbira rindia,

Apruveitava bastante:

Uma coisera fazia...

Trançava corda, tirante...

XIV

Cas macaúba, ispinhenta,

Arguns quiria cabá...

Já as vaca, pachorrenta,

Vivia os côco a mascá.

XV

Um ispim, quando cravava,

Era mesmo de amargá;

Das castanha, nóis gostava;

Diz-que divia ivitá...

XVI

Quarqué um desses coquero,

Dava gosto observá,

C’aqueles vento ligero,

Tanta foia balançá.

XVII

E os tronco, tão variado,

E cada um mais vistoso:

Liso ô d’ispim cravejado;

Argun dêlz mei turtuoso...

XVIII

E os cacho de flor, intão!...

E os fruto pindurado!...

E dipois, mesmo no chão...

Parece até desenhado.

XIX

Inda tem desses coquero

Prantado aqui no meu peito:

Dos cafundó, dos terrero,

Cada qual’ com seus pruveito,

XX

Essas foia me balança

No tempo, conforme os vento,

E desenha cum lembrança

Um coquero que eu invento:

XXI

De jiribá, pra doçura;

Bacuri pra sê teiado;

De buriti, formosura;

Macaúba pros guardado.

#.#.#.#.#