Disintêro
DISINTÊRO
Vô cumeno manhicido
Esse intendê, já vincido,
Daquilo que acunticia.
Quando a librina num passa,
Lá longe é que disimbaça
Pa divurgá o que num via.
Havera que eu atinasse,
Lá quando tava mais face,
Antes da coisa imbramá;
Dipois já do caus passado,
É um vivê disinterado,
Que faiz a boca amargá.
Dicerto é que nasci onte,
Puis fui passano nas ponte,
Que atráis de mim quebrô;
O bão de agora sabê
O que nunca mais vai sê,
É que o camim clariô.
Arguns até iscunjura,
Caçano aquela figura
Que antes via nimim;
Mal sabe êl’z que num era
Minha pessoa divera;
Era eu perdeno de mim.
Num quer dizê que vinci;
Quer dizê que eu aprindi
A risisti um tantim ...
Aprindi a num dexá
A librina imbaraiá
O que sobrô de camim.
-.-.-.-.-