Essas água que passa
ESSAS ÁGUA QUE PASSA
Água de tudo que é bica,
In tudo quanto é tamanh’,
De tudo quanto é feitíi...
Vai iscorreno e faiz fita,
Passa e vai cantarolano,
Pr’eu lembrá do qu’ isquici.
Água ligera e caíno,
Dansano conforme o vento,
Forma arco-íris dimais;
Vai recitano os distino,
Fazeno a conta dos tempo,
Dexano uns resto pa traiz.
Bica de tora rachada,
De aruera, tamburi,
Ô macaúba ispinhenta;
Bica de teia lavada,
Passadô de lambarí,
que vai nadano e dispenca.
Mesmo nas bica de agora,
Feita de cano ô cimento,
De conforto rudiada...
Igual naquelas de tora,
A água, no muvimento,
Inda parece incantada.
Água incantada que passa ...
Cantiguinha... remelexo...
Caleidoscope... ispêi...
Faiz que corre... faiz pirraça...
Vai insampano nuns trecho
E dispara lá no mêi.
Biquinha feita na areia,
Dipois de chuva pesada,
Cum foia de abacaxi,
Onde iscorre aquela veia
De água poca, minguada...
Dessas, eu nunca mais vi.
-...-...-...-...-...-...-