OLHO D'ÁGUA

OLHO D´ÁGUA

Florisa Brito

 

Por entre cercas e farpas;

Tapera e pé de angá;

Laranja azeda, atoleiro,

Tatu e tamanduá;

 

Sombra de copa folhada

E moitas de tropeçar;

Ali corre um fio d’água

Pra beber e refrescar.

 

Corre num caco de telha:

Capricho de algum passante.

Salta o barranco singelo;

Busca as tabuas adiante.

 

Levar ao rosto essa água,

Beber dela numa folha,

Traz leveza para a alma;

Faz flutuar numa bolha.

 

Distante, assim, desse fio,

Pesa a falta do frescor:

No frio da indiferença,

Bem mais do que no calor.

 

#####