O tal' do Frutal' [foi assim]

Meu pai que contava assim:

"Tava numa épuca que os prefeito, guvernador, tretô-relô... cassava um e numiava ôto. O que tava seno prefeito lá no Frutal’, numiado, era um médico munto disaforado, sem-ducação... tinha munta gente mal’ sirvida qu’êl. Tinha veiz, quando um ia cunsultá, qu’êl oiava de longe, nem perguntava nada, num isperava ixpricá, e já ia mandano a bucha... num era pôcos qu’êl mandava í morrê im casa, seno que nem sempre era caus de disinganá... às veiz tava pricisano era dum tratamento bão, igual uma veiz que era sinusite, pricisava de pinicilina (que já ixistia) e uns vapor de eucalipto... e êl falô que num tinha ricurso, purque era duença de chaga. Inda bem que um médico lá do Beraba pôde acudi im tempo, sinão murria c'a sinusite mesmo, purque o ôto lá num tinha botado sintido...

Vortano a cunversa, esse médico disaforado tava cumo prefeito numiado, e num sei lá cumé que foi, num sei se tava vortano a tê orde, passano esses dismando... tiraro ele. Aí, eu tava lá no Frutal’ e vi... um parpitoso pintô, cumo se fosse uma charada, na frente duma charrete... e saiu andano qu’ela po povo lê: “FRU”. E eu intindi: no dizê dele, tiraro o tal' do Frutal'...".

Assim qu'eu lembro que o meu pai contava...

(Florisa Brito)