TRUVÃO
TRUVÃO
(Florisa Brito)
Onte, ditardizinha, já rabiscano iscurecê, dispencô uma chuva daquélz dispejada co’a lata!... água cum fé e vontade... vento... relampiano e truvejano... Chegô caí umas pedrinha miúda; com o calorão que tava fazeno, dirritia no instantim.
Disviei a ideia das obrigação um poquim, e fiquei maginano: cumo é bunita essa canturia de truvejo misturado cum vento!... e de água caíno, que vai inventano barui conforme o que vai achano no camim. Cumo é bunito, tamém, os relampo fazeno desenh’ de tudo quant’é jeito no céu!... mesmo que agora, purinquanto, eu tivé que vê misturado cons teiado, essa fiuzera, as antena, e tudo-quanto-há que vive atrapaiano vê o céu... mesmo que a gente pudé vê só umas tirinha de céu.
Sodade que deu foi d’iscutá barui de chuva chegano dês lá de longe... barui dela no cerrado... no chão arado... conforme o lugá que vai passano, cada barui é dum jeito...Sodade de i lá nas manguera, dipois da chuva, oiá se caiu aquélz manga lá das grimpinha, que ninguém dava conta de panhá... Sodade de fazê rasto no chão moiado...
Amarguei a boca, pensano... cumé que hoj’india as pessoa num perde tempo de prestá-tenção nessas coisa... anda tudo cum munta pressa... num tem custume de oiá pro céu nem pra sabê se tá armano chuva ô se o tempo ta mudano pa fríi...
Intão, hoje, dipois do caus passado, um vizim, assim cumo quem só tá puxano assunto, falô do aguaçero que caiu onte... – “Que chuvão! Chuva boa!” E imendô: - “Bunito é os truvão!”
Achei bão dimais sabê que num era só eu que tava prestano atenção... Rispundi: - Tamém acho! Bunito dimais da conta!
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