MAGNETISMO - nada pessoal
MAGNETISMO – nada pessoal
(Florisa Brito)
Alguns dias antes, expressava preocupação, tentando adivinhar se o rigoroso controle de entrada daquele evento tão esperado – e ainda a esperar – poderia impedir-lhe o acesso, caso estivesse com magnetos fixados em locais estratégicos do corpo, como método alternativo de combate às inconvenientes dores. Levou um tempo para que chegasse à brilhante conclusão de que, se os magnetos fossem detectados, e interpretados como ameaça, poderia retirá-los e descartá-los; afinal, o que são dorzinhas antipáticas, diante daquele espetáculo acontecendo? Resolveu, assim, o temível, provável, remoto problema magnético.
“Vida que segue...”
Hoje, entrando numa agência bancária, com a intenção de utilizar apenas o caixa eletrônico, que agora se chama autoatendimento, que se escrevia com hífen e agora não mais, enfim, que tem passado por evoluções tão significativas... depara-se com a necessidade de ir além; e ascender ao atendimento presencial. Eis que se coloca em seu caminho a famigerada porta detectora de terríveis ameaças, tais como chaves e moedas.
Quando estava previsto que teria que transpor uma porta dessas, esvaziava a pequena mochila sobre a mesa de trabalho, deixando apenas o indispensável imediato; ocorria de faltar o indispensável, às vezes, porque não é tão fácil premeditar. Agora, assim de improviso, era apavorante!
Todavia, muniu-se de coragem e de bom ânimo; tirou tudo de que se lembrou, colocando naquele compartimento em que tudo de todos se mistura (certa vez, quando já ia longe, constatou que estava com uma chave estranha; foi horrível). Preparou-se para não explodir de raiva, nem desistir, quando a porta travasse e, principalmente, quando o segurança fosse arrogante. Tentou passar; travou.
O segurança se aproxima, pergunta se tem isso, se tem aquilo... sem arrogância, apenas com certa austeridade recomendável... manda abrir a mochila, praticamente vazia, para verificar; desiste de encontrar qualquer coisa a ser retirada para aplacar a fúria da estúpida porta; manda pendurar a mochila e passar. Pronto! Deu certo. Ninguém morreu.
Entretanto, o segurança, inconformado, querendo saber o que poderia estar fazendo a porta travar, vê uma sacolinha de farmácia, na mochila ainda aberta, e constata: é o remédio! Comprimido...
Diante de tal revelação, embasbacou-se, sem entender por que raios comprimido travaria a porta; cogitou se poderia ser, talvez, no caso de embalagem de alumínio... Enquanto isso, por sorte, nem lhe ocorreu dizer que não era comprimido; era guaraná em pó. Assim, transpôs a barreira, e chegou onde precisava ir; se bem que ainda lhe faltava (e falta) entender essa história de comprimido travar porta.
Mais tarde, reorganizando a mochila, que ficou caótica depois dessa aventura, o que encontra? Nada mais, nada menos, que um pacotinho de magnetos. Como aqueles sobre os quais previu, com muita antecedência, relativamente a outra situação, que poderiam causar esse tipo de confusão.
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