Métodos

Alguém manifesta revolta por ser constrangido a estudar uma matéria escrita em forma de “diálogo”: um suposto interlocutor faz perguntas e, a partir dessas perguntas, o autor vai expondo o assunto.

De minha parte, não chego a considerar o método ultrajante, mas fico pensando: algum leitor/estudante faria essas mesmas perguntas que foram “plantadas” no texto?... Alguma delas?... Outras muito diferentes?... Nenhuma?...

Parece mesmo enfadonho (alguém ainda se lembra dessa palavra enfadonha?) e um desperdício de espaço: ir forjando perguntas e respondendo, em vez de expor diretamente o conteúdo.

Recordo-me, todavia, que se trata do método maiêutico, inventado há aproximadamente dois milênios e meio, por Sócrates, que também pode ter sido, ele mesmo, inventado; segundo alguns argumentam... E até descubro (Como pude não saber por tanto tempo! E que falta provavelmente me fez!) que maiêutica é também, ou antes, sinônimo de obstetrícia.

Então, o que digo é que poderia ter sido pior – embora, quem sabe, menos patético – se o método escolhido fosse o peripatético; tendo em vista o adiantado da hora e a baixa temperatura lá fora...

Se bem que, pessoalmente, o método peripatético me cairia melhor, a qualquer hora... especialmente se o peripatos  fosse, por exemplo, a Serra do Caparaó; ainda que o pico fosse sem bandeira e com neblina... Por que será que eu não fiz um curso de Geografia? Todas aqueles trabalhos de campo...

(Florisa Brito)